22 de março de 2011

Letter to My Little RedShoes



Ás vezes é bom. Pensar que te conheço, e lá no fundo pensar que, sendo isso um dado adquirido, faço contigo o que quero. Sinto o que quero. Sei o que quero. Ás vezes sabe bem, parar um pouco e pensar no porquê de conseguir ver que nós, podemos pensar juntos. Ás vezes também gosto de me encostar a ti, falar, rir, e respirar no teu ouvido. Um pequeno segredo, uma mera confissão, um terno elogio. Ás vezes tenho saudades, olho para as tuas fotos e penso que podias perfeitamente estar aqui e nessas mesmas vezes, ás vezes parece que é mesmo real, mas só ás vezes. Ás vezes, penso que tudo isto é um pouco de mim e parte de nós. Mas agora, que me ponho do lado de fora, na posição do observador, vejo que o que senti ás vezes não era o certo, ás vezes falei de mais, e ás vezes devia ter feito mais do que foi pedido. Ás vezes fiquei perdido, e noutras andei rápido de mais, podia ter percebido e ás vezes, confesso que não quis entender. Ás vezes sou assim, imaturo, esquivo. Desapareço. Sabes? A verdade é que ás vezes me farto, mas por outro lado, ás vezes admito que não passo sem isto. Este sentimento que ás vezes não sei ao certo o que é, esta relação que ás vezes, não tem ponta por onde pegar. Que ás vezes nos une em mero acaso, e que nos põe, ás vezes, a contar ponteiros de relógio. Mas agora, e por todas estas vezes, eu sei que sim, que é contigo. Aqui, assim, ás vezes... sempre, ... quando Tu quiseres.

25 de janeiro de 2011

Fazer a Barba


É normal, no começo estranha-se... depois, é fácil. Mistura-se com o hábito e vamos apagando os costumes de pegar numa bola debaixo do braço, sair á rua e chamar os amigos, de tocar na campainha de alguém e passar horas em torneios de playstation... Ver as miúdas na rua, assobiar e fugir do namorado delas. Sabia bem ver as tardes a passar na rua, chegar a casa a más horas a velhota sempre a dar nas orelhas, tomar banho comer e cama... rotina de putos, esses sim, eram livres. Agora? Agora só tem piada ver os riscos ao lado nas fotos, os ténis apertados e as calças com remendos... Abrires a caixa grande do sótão e lembrar em que aniversário é que recebemos o comboio a pilhas, em que ano dissemos: "mãe, já não quero usar cuecas, quero uns boxers como os do pai..." ...
Hoje, é fixe pensar que com a primeira mesada comprámos uma coisinha de nada e pensamos baixinho: "esta fui eu que paguei". Hoje, já não é ontem, quando os dias não davam que pensar, quando não tínhamos de fazer a cama e ajudar a levantar a mesa... Hoje, é a adolescência que dá as mãos à idade de adulto... que nos trás as chatices dos grandes, e as responsabilidades dos chatos, hoje é o dia em que ouvimos com atenção aquilo que os velhotes diziam quando eram chatos, Hoje é o dia em que fazemos a barba ao homem que vemos no espelho da casa de banho.